segunda-feira, 14 de julho de 2014

Distúrbios do sono podem ser confundidos com preguiça; saiba mais




Você é daqueles que sente sono durante o dia ou enquanto faz alguma atividade corriqueira? Precisa tirar um cochilo periodicamente para poder produzir? Sente sono enquanto deveria estar acordado?

Pode ser conversa de preguiçoso, mas o que pouquíssimas pessoas sabem é que a sonolência e a preguiça durante o dia podem ser preocupantes, sendo caracterizados como narcolepsia e hipersonia, ambos, distúrbios do sono. 

De acordo com o especialista, esses distúrbios não são muito fáceis de serem diagnosticados. "A dificuldade em constatar os problemas é que eles podem ser naturalmente confundidos com uma preguiça ou sonolência em demasia, ainda que a pessoa durma bem durante a noite", explica. 

No meio social, por exemplo, os portadores dessas síndromes são tachados pelos familiares ou amigos como preguiçosos, e desenvolvem consequente dificuldade na carreira profissional e no desenvolvimento de atividades sociais. "Em contrapartida, o indivíduo nem sempre sabe que é portador da doença, por isso, nesses casos, é fundamental o apoio psicológico e, claro, a busca por tratamento", alerta a especialista. 

No caso da hipersonia, o paciente deve apresentar os sintomas por pelo menos um mês e esse transtorno deve ter um impacto significativo sobre a vida social. Já as manifestações de narcolepsia, começam geralmente na adolescência, trazendo sérias consequências individuais e sociais. Seu diagnóstico pode demorar vários anos, até que possa ser identificado corretamente. Além disso, é importante ressaltar que a única diferença entre a narcolepsia e a hipersonia é que, neste último, a sonolência não é súbita, como acontece em um quadro de narcolepsia, com a cataplexia (súbita perda da força e controle muscular). 

Ainda que não sejam consideradas doenças graves, estes distúrbios são alarmantes, afinal, tendem a acontecer a qualquer momento e em ocasiões inusitadas, entre elas, enquanto a pessoa está dirigindo um automóvel, operando máquinas ou cozinhando, por exemplo. "E isso, com certeza, é preocupante, já que se trata de situações em que o indivíduo está concentrado em uma atividade e extremamente vulnerável", esclarece o especialista. 

Apesar de estar ligada ao sono, a narcolepsia e a hipersonia apresentam algumas diferenças. Abaixo, o especialista esclarece dúvidas e fala sobre causas e tratamentos desses distúrbios. 

Narcolepsia 

É um distúrbio do sono que se caracteriza pelo excesso de sonolência durante os períodos diurnos, mesmo quando o indivíduo tenha dormido normalmente à noite. 

 - O principal sintoma é a sonolência diurna excessiva e os cochilos em situações impróprias ou inadequadas. Além disso, pode apresentar alucinações que se assemelham a sonhos, antes de acordar. Essas alucinações podem envolver a visão, a audição e também outros sentidos do corpo humano. O indivíduo pode não conseguir se mover assim que acorda ou quando começa a dormir. Em casos mais graves, a pessoa pode cair e ficar paralisada por até vários minutos. 

 - As causas do distúrbio podem ser tanto genéticas quanto externas, e podem ir desde a alteração no equilíbrio existente entre neurotransmissores do cérebro até o estresse. 

 - O portador deve adotar algumas medidas comportamentais como seguir horários regulares para atividades do dia-a-dia, evitar situação de privação de sono noturno e, sempre que possível, tirar cochilos programados de 15 a 20 minutos, duas ou três vezes durante o dia, para facilitar o controle da sonolência diurna. O tratamento farmacológico também é indispensável, mas sempre sob prescrição e orientação médica especializada. 


 Hipersonia 

Também conhecida como sonolência excessiva, é um aumento absoluto das horas de sono, chegando a 25% a mais do que o normal. As pessoas que sofrem desse distúrbio podem cair no sono a qualquer momento, inclusive enquanto estão fazendo atividades cotidianas. 

 - O indivíduo sente sonolência excessiva por pelo menos 1 mês (ou menos, se recorrente), evidenciada por episódios de sono prolongados ou episódios de sono diurno que ocorrem quase que diariamente. Além disso, sente dificuldade de concentração e raciocínio, falta de energia para as atividades dos dia-a-dia e alterações neuropsicológicas e cognitivas. 

 - As principais causas são anemia, alterações de níveis hormonais, e o uso de antidepressivos, medicações antináusea, analgésicos e sedativos. 

 
- O tratamento da hipersonia pode ser feito com medicamentos estimulantes, antidepressivos e mudanças em certos hábitos como, por exemplo, estabelecer horários fixos para dormir e acordar, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e cafeína (especialmente à noite) e preparar melhor o ambiente do quarto na hora de dormir, cortando televisão e luzes muito fortes. 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Fome durante a noite




Síndrome prejudica o sono e pode alterar o comportamento 


A cena parece ser bastante normal: um indivíduo acordando no meio da madrugada para “assaltar a geladeira”. Sim, parece. Mas, no caso de pessoas com a Síndrome Alimentar Noturna (SAN), não é bem assim. Descrita na década de 50 pelo psiquiatra americano Albert Stunkard, a SAN é um transtorno alimentar que se caracteriza pelo excesso de fome noturna, levando a um consumo alto de calorias neste período.

Indivíduos com este distúrbio apresentam compulsão noturna em pequenos períodos de tempo e ingerem mais de 50% do consumo diário antes de dormir e durante a madrugada. Além disso, algumas pessoas ainda correm riscos cortando alimentos, ligando o fogão ou, até mesmo, comendo comida crua. No Brasil, ainda não há estudos sobre a SAN, porém, o distúrbio já afeta 1,5% da população americana, crescendo bastante entre os obesos.

O principal problema da Síndrome Alimentar Noturna está relacionado ao aumento de peso e às suas consequências, dentre elas, pressão alta, diabetes e alteração de colesterol. Outro problema é a alteração do sono, pois há a necessidade de despertar no meio da noite para se alimentar.

 Segundo o especialista, os indivíduos com a SAN apresentam também perda de apetite pela manhã, tem problema de insônia e sono fragmentado, levantando-se uma ou mais vezes da cama durante a noite. “A SAN é um distúrbio do sono chamado de parassonia, ou seja, comportamento anormal que ocorre durante o sono e na transição entre sono e vigília, que se enquadra na classificação de sonambulismo”.

O especialista ainda explica que o sono normal depende da liberação dos hormônios melatonina, responsável pela regulação do sono, e da leptina, responsável pela sensação de saciedade. Indivíduos que despertam durante a noite para comer apresentam nível menor na produção de melatonina e de leptina, estando sujeitos, consequentemente, à insônia. 

“O que ainda não se sabe é se elas despertam por conta da sensação inconsciente de fome ou se, após despertarem, vem essa sensação à consciência. Porém, é provável que a liberação desses dois mediadores cerebrais estejam relacionados à SAN”, explica o especialista.


Existem várias opções de tratamento para a Síndrome Alimentar Noturna. Entre elas, acompanhamento comportamental com psicoterapia, mudanças de hábitos de vida, e, em alguns casos, necessidade do uso de medicação. “A principal medida preventiva, entretanto, é a boa alimentação, sempre observando os horários e os alimentos adequados para cada refeição”, finaliza o especialista.