sexta-feira, 15 de maio de 2015

Dormir muito não significa ser saudável

GABRIELA MALTA


Um estudo publicado no periódico "Neurology" apontou que pessoas que relataram dormir mais do que oito horas tiveram aumento de 46% no risco de sofrer AVC, quando comparadas àquelas que relataram dormir de seis a oito horas.

Entre aquelas que relataram dormir menos do que seis horas, o aumento foi de 18% (estatisticamente não significativo, segundo os autores).
Os pesquisadores estudaram 9.692 pessoas entre 42 e 81 anos que não tinham sofrido AVC antes de seu relato.
Editoria de Arte/Folhapress

Os mecanismos da associação entre dormir muito e os riscos à saúde ainda não são totalmente conhecidos, mas os pesquisadores acreditam que a necessidade de um longo período de sono pode ser um sinal precoce de desregulação no cérebro e risco de sofrer AVC no futuro.

Para Yue Leng, uma das autoras do trabalho, uma possibilidade é que essa desregulação esteja ligada a problemas no fluxo sanguíneo.
Estudos experimentais poderão explicar melhor essa relação, ainda desconhecida.
Em um comentário sobre o artigo, também na "Neurology", Camila Hirotsu, pesquisadora do Departamento de Psicobiologia da Unifesp, faz a ressalva de que muitas pessoas tendem a superestimar seu período de sono –elas não dormem tanto assim.

Elas podem estar levando em conta, por exemplo, o horário em que vão para a cama, em vez do horário em que efetivamente pegam no sono.

Como a pesquisa americana se baseia em relatos, isso seria um ponto fraco dos dados. Além disso, parte dos dorminhocos pode ter apneia obstrutiva do sono, que é um fator de risco para doenças cardiovasculares.

A apneia é caracterizada por pausas respiratórias durante o sono que provocam pequenos despertares, não percebidos pelo paciente.
"A pessoa acorda irritada e sente sonolência durante o dia inteiro", diz Mônica Andersen, professora da Unifesp. "O sono é interrompido, e, como a pessoa fica com sonolência muito grande, dorme em qualquer lugar que encosta. O tempo total de sono é até aumentado", diz Camila.

Um estudo epidemiológico realizado em 2007 na cidade de São Paulo, com 1.042 pessoas que foram avaliadas por questionários e polissonografias, apontou que 33% dessa população tinha apneia obstrutiva do sono.

A apneia é, segundo Geraldo Lorenzi Filho, presidente da Associação Brasileira do Sono, o distúrbio do sono que mais acomete o sistema cardiovascular. Podem acontecer mais de 30 pausas por hora. Essa situação é perigosa porque obriga o coração a fazer mais esforço, e o estado de falta de oxigênio é muito deletério para o cérebro.

Outros estudos associam longos ou curtos períodos de sono com outras doenças, como diabetes e obesidade.

Alterações no sono são prejudiciais porque o sono é fundamental para o organismo. "É um momento de descanso, importante para a reorganização do cérebro", diz Lorenzi.

(Fonte: Folha de S. Paulo)

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Qual a posição segura para o bebê dormir?

Berço Bem Estar













O medo de o bebê sofrer morte súbita é grande entre as mães. Para diminuir esse risco, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a criança seja colocada no berço de barriga para cima, tanto para o cochilo durante o dia, quanto para o sono da noite.  Nessa posição, a criança respira melhor e tem menos risco de engasgo. Estudos mostram que colocar o bebê nessa posição pode reduzir em até 70% o risco de morte súbita. 

A neuropediatra Magda Lahorgue Nunes, coordenadora do Grupo de Estudo do Sono na Infância da Sociedade Brasileira de Pediatria e pesquisadora do Instituto do Cérebro, explica que a morte súbita infantil pode ocorrer até o primeiro ano de vida, mas a prevalência é entre bebês entre o 2º e 3º mês e prematuros. 

Em 2009, a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Pastoral da Criança fizeram uma campanha chamada "Dormir de Barriga para Cima é Mais Seguro". Recentemente, a aluna de doutorado Rúbia Maestri fez um levantamento coordenado pela neuropediatra Magda Lahorgue Nunes, para saber como os médicos orientavam seus pacientes e qual foi a mudança depois da campanha. 

O questionário foi respondido por 1.654 médicos membros da Sociedade Brasileira de Pediatria. Antes da campanha, 23,1% consideravam a posição de barriga para cima a mais correta para o bebê dormir; 67,5% eram a favor da posição lateral durante o sono, e 9,3% orientavam as mães a colocar seus filhos na posição de barriga para baixo. Após a campanha, houve uma virada:  76,2% passaram a orientar a posição correta (barriga para cima).

"Alguns especialistas ainda resistem em mudar a orientação, apesar de estudos internacionais já terem mostrado que a morte súbita infantil (MSI) caiu em países onde as mães passaram a seguir a nova orientação", diz a neuropediatra. 

A causa da MSI é desconhecida, mas sabe-se que alguns fatores aumentam o risco de morte súbita. São eles:

- bebê dormindo de bruços ou de lado;
- exposição ao fumo durante a gravidez;
- exposição à fumaça de cigarro após o nascimento;
- consumo de álcool e drogas durante a gestação;
- nascimento prematuro ou com baixo peso;
- falta de aleitamento materno;
- uso de colchões ou travesseiros muito moles e fofos;
- presença de brinquedos, travesseiros, rolinhos e outros objetos no berço que podem sufocar o bebê;
- Superaquecimento do bebê: quando a temperatura do bebê é muita alta, o metabolismo fica mais lento e o bebê precisa respirar com mais força, o que nem sempre consegue. Segundo o pediatra do Hospital Albert Einstein, Victor Nudelman, para saber como está a temperatura do bebê, coloque as mãos dentro da roupinha dele e veja se está quente. "Não se mede a temperatura de um bebê pegando nas mãos dele. As mãos podem estar geladas, mas se o corpo estiver quente é sinal de que ele não está com frio.” 

Dicas para colocar o bebê para dormir

- Evite o excesso de roupas e fraldas que possam dificultar os movimentos do bebê e superaquecer seu corpo;
- Deixe os braços do bebê livres, para fora das cobertas para evitar que ele escorregue e fique asfixiado;
- Deixe a cama livre de almofadas, travesseiros, “cheirinhos” (paninhos usados por algumas crianças para dormir), bichos de pelúcia e outros brinquedos que possam dificultar a respiração do bebê;
- Deixe o berço sem protetor; 
- Deixe a  temperatura do quarto confortável para um adulto vestindo roupas leves; 
- Não coloque o bebê para dormir na cama dos pais.
(Fonte: globo.com)