Pesquisadores apontaram que aqueles que têm o problema tendem a experimentar queda cognitiva cerca de 10 anos antes
As pessoas idosas que têm apneia do sono, comumente
marcada por ronco pesado, tendem a apresentar o início de um declínio cognitivo
cerca de 10 anos antes do que aqueles sem o problema ou aqueles que usam uma
máquina de respiração para tratá-lo, de acordo com um estudo americano.
Entre idosos que desenvolveram transtorno cognitivo
leve ou doença de Alzheimer, aqueles com respiração obstruída durante o sono
que não foi tratada começaram a passar perda mental com uma idade média de 77
anos.
Os indivíduos sem a apneia do sono que
desenvolveram Alzheimer ou outro transtorno cognitivo experimentaram problemas
de memória somente a partir dos 90 anos. “Não achamos que o ronco causa
demência”, disse o pesquisador do Centro para a Saúde do Cérebro da Escola de
Medicina da Universidade de Nova York (NYU) Ricardo S. Osorio. “Descobrimos que
nas pessoas que relataram que tinham apneia do sono, e não foram tratá-la, a
idade da perda foi mais cedo.”
Os distúrbios respiratórios do sono são muito
comuns entre os idosos, afetando cerca de 53% dos homens e mais de 26% das
mulheres, como apontou Osorio e sua equipe na revista “Neurology”.
Os pesquisadores revisaram o histórico médico de
quase 2.500 pessoas com idades de 55 a 90 que foram inscritas em um estudo
sobre a doença de Alzheimer e reavaliados a cada seis meses. Participantes autorrelataram
diagnóstico de apneia do sono ou apneia obstrutiva do sono, e se eles usaram
uma máquina para respiração contínua durante a noite. “Na apneia do sono como a
entendemos, a maioria das pessoas pensa que só afeta homens que são obesos e
roncam na meia idade, mas é muito mais comum na idade avançada”, afirmou o
estudioso disse à “Reuters Health”.
Segundo a pesquisa, o problema é pouco reconhecido
e muitas vezes subdiagnosticado, e esses resultados podem ajudar a
sensibilizar, mas não devem ser alarmantes para a maioria das pessoas.
O estudo não estabelece causa e efeito, e a doença
de Alzheimer por si só pode causar problemas de sono, esclareceu Osorio. Mas se
problemas de sono levam ao declínio cognitivo, isso pode ser pela privação de
oxigênio ou a fragmentação do sono. “Apneias fazem você acordar, e assim você
não consegue ter um sono restaurador agradável”, disse Osorio.
O estudo contribui para a crescente evidência de
que a apneia obstrutiva do sono não é apenas “uma doença grave e séria associada
com morbidade ou mortalidade cardiovascular, mas também com a saúde do cérebro
e a cognitiva”, como apontou Timothy I. Morgenthaler, especialista em
distúrbios respiratórios do sono na Mayo Clinic, em Rochester, Minnesota.
De
acordo com a Dra. Fernanda Camargo, especialista do Centro de Referência do
Sono – Physical Care, mesmo com tanta informação ainda é muito baixa a
taxa de diagnóstico de apneia do sono quando comparada à porcentagem de
prevalência do distúrbio na população, que é de 40% nos grandes centros como
São Paulo. “Nós entendemos que é preciso investir cada vez mais em dar acesso ao estudo do sono,
exame do sono ou polissonografia para melhorar a saúde do brasileiro.”,
complementa.
(Fonte: globo.com agencias internacionais)